segunda-feira, 26 de março de 2012

Dia Mundial de Teatro
Vamos fazer espectáculo no Dia Mundial de Teatro.Como devem saber nesse dia a entrada é livre A Barraca abrirá as duas salas ao publico.Com Dona Maria a Louca e O Fantasma do Chico Morto Faz-se o espectáculo e lê-se a mensagem que este ano é do MalKovitch e é interessante e leve.E festeja-se uma arte antiga que todas as noites e dias, em milhões de espaços por todo o mundo une pessoas num mesmo sorriso,numa mesma lágrima,numa mesma aspiração ,reinventando-se sempre,sabendo tirar leite das pedras,por todos os séculos dos séculos... Informa-te sobre o horário e anda daí.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Digressões

Estão já agendados os seguintes espectáculos:



3 de Março às 21h30, Cine Teatro Municipal de Castro Verde
24 de Março às 22h00, Fórum Cultural José Manuel Figueiredo da Moita
31 Março às 21h30, Cineteatro de Alcobaça
4 de Abril às 21h 30 Teatro Municipal de Bragança
6 de Abril às 21h 30 Teatro Municipal de Vila Real
26 Abril às 21h30, Festival Folia da Jangada Teatro em Lousada


Ainda não confirmados:
Benavente, Lamego, Aveiro, Guimarães, Gois, Famalicão, Cascais, Abrantes, Figueira da Foz, Terceira, Florianópolis (Brasil)

domingo, 4 de março de 2012

D. Maria em Castro Verde

Ontem estivemos a representar em Castro Verde. O Teatro está muito bem arranjado. Sem luxos nem excessos serve com bom gosto e uma optima teia as necessidades da terra. A sala tem trezentos e tal lugares e estava quase cheio.
O espectáculo correu bem, apesar da luz que reflectida num chão de madeira clara, criava à peça um ambiente muito mais leve do que eu estou habituada e aqui e além me perturbava. É extraordinário como um pormenor aprentemente pequeno pode ser tão importante. Claro que não se sentiu nada da minha perturbação. Nem o público nem os colegas. Mas eu senti a diferença. No fim de enormes aplausos e ficámos em debate com o público durante cerca de uma hora e meia. O público de Castro Verde está diferente. Continua a haver muito público popular, mas a literacia aumentou. E a quantidade de gente culta também. Gente que quer falar. Que sabe falar. Não sei se tem a ver com a existência de uma universidade sénior muito activa. Gostei imenso de lá estar. A peça tem cerca de uma hora e quarenta minutos, é um monólogo, embora em cena esteja sempre uma segunda figura muito viva e divertida, e ninguém deu sinal de enfado ou cansaço. Para mim isto é importante. Partilho inteiramente da opinião de Peter Brook quando diz que o maior inimigo do Teatro é o aborrecimento.

sexta-feira, 2 de março de 2012

A Santa de Roca

Uma santa despida do manto, inacabada ou desfeita, translúcida, a mostrar-nos os seus vazios cheios de significados e significâncias. Uma santa de roca. Maria do Céu Guerra e José Costa Reis criaram esteticamente uma D. Maria, a Louca, inspirada nessa figura simples, um esboço de ser. E D. Maria, essa Maria que ora assistimos, ou nos assiste ela, nunca esteve tão bem materializada. Tomei conhecimento deste particular quando cheguei a Lisboa em julho do ano passado para acompanhar os últimos ensaios e a semana de estréia no Teatro A Barraca e me surpreendi. Isto porque, dois anos antes, de passagem por Lisboa a caminho dos Açores, caminhando por uma das lindas vielas de Alfama, me deparei com duas santas de roca em uma vitrine de um antiquário. Pensei imediatamente: são elas a D. Maria! Fotografei e enviei à atriz Berna Sant’Anna (que viveu a personagem na montagem de estréia, em Florianópolis), dizendo ter encontrado D. Maria pelas ruas de Lisboa. Nunca havia comentado isto com a Maria do Céu, com o Costa Reis ou qualquer outro componente d’A Barraca. Quedamo-nos encantados Demos créditos à coincidência, por escrúpulos, mas nos deliciamos mesmos imaginando ser obra dos mistérios que envolvem essas santas, essas rainhas, essas mulheres, que, despidas do manto do mito que as envolve, se nos mostram todas, mesmo que aos pedaços.

O Regresso de Maria a Louca

Ontem fiz espectáculo. Estava bastante gente e foi delicioso voltar àquelas palavras e emoções, àquele novelo de sentimentos e memórias e terrores e vitalidade e cansaço. Estava a filha de um Actor há muito já desaparecido: Alvaro Benamor. No fim ela estava emocionada e deu muitos bravos e aplaudiu muito. Esperou por mim no hall do Teatro e abraçou-me. E eu pensava durante aquele abraço no efémro da nossa arte. Naquela sala pouca gente se lembraria do Alvaro Benamor. Era lindo, fino e dava brilho às cenas em que estava. E daquele brilho, naquele momento só eu e a filha é que sabiamos. Naquele fogo, que nós lembravamos e que o fez arder, ninguém daquela sala se aqueceu. A ultima vez que o vi em cena foi a fazer A Dansa da Morte de Strindberg com Augusto Figueiredo (maravilhoso actor) e Carmen Dolores. Espectáculo optimo, dirigido por Jorge Listopad na Casa da Comédia. Só quando desaparece a ultima pessoa que ainda estremece com a emoção que lhe provocámos, é que o actor de Teatro realmente morre. Ontem duas pessoas, num abraço, fizeram voltar a cena o Alvaro Benamor.
Também estavam o meu querido Zeca Medeiros e a Sãozinha sua mulher. Tivemos das mais interessantes conversas sobre o espectáculo de toda a carreira da peça. Como eles são sensiveis, santo deus. Quando tiver tempo falo nisso tudo