sexta-feira, 2 de março de 2012

O Regresso de Maria a Louca

Ontem fiz espectáculo. Estava bastante gente e foi delicioso voltar àquelas palavras e emoções, àquele novelo de sentimentos e memórias e terrores e vitalidade e cansaço. Estava a filha de um Actor há muito já desaparecido: Alvaro Benamor. No fim ela estava emocionada e deu muitos bravos e aplaudiu muito. Esperou por mim no hall do Teatro e abraçou-me. E eu pensava durante aquele abraço no efémro da nossa arte. Naquela sala pouca gente se lembraria do Alvaro Benamor. Era lindo, fino e dava brilho às cenas em que estava. E daquele brilho, naquele momento só eu e a filha é que sabiamos. Naquele fogo, que nós lembravamos e que o fez arder, ninguém daquela sala se aqueceu. A ultima vez que o vi em cena foi a fazer A Dansa da Morte de Strindberg com Augusto Figueiredo (maravilhoso actor) e Carmen Dolores. Espectáculo optimo, dirigido por Jorge Listopad na Casa da Comédia. Só quando desaparece a ultima pessoa que ainda estremece com a emoção que lhe provocámos, é que o actor de Teatro realmente morre. Ontem duas pessoas, num abraço, fizeram voltar a cena o Alvaro Benamor.
Também estavam o meu querido Zeca Medeiros e a Sãozinha sua mulher. Tivemos das mais interessantes conversas sobre o espectáculo de toda a carreira da peça. Como eles são sensiveis, santo deus. Quando tiver tempo falo nisso tudo

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